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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Natascha Kampusch

A jovem austríaca Natascha Kampusch (foto), hoje com 22 anos, vai contar em sua autobiografia, 3096 Days (3096 Dias), o que sofreu durante os mais de oito anos em que foi mantida em cativeiro por Wolfgang Priklopil. Sequestrada aos 10 anos de idade, quando ia para a escola, Natascha só conseguiu fugir em agosto de 2006. Priklopil nunca foi punido pelo crime: suicidou-se logo depois da fuga de Natascha, aos 44 anos de idade.
O tabloide britânico Daily Mail começou a publicar nesta segunda (6), com exclusividade, os capítulos da dramática história de Natascha, que talvez vire um filme.
É a primeira vez que Natascha fala de sua relação com o sequestrador e o sofrimento por que passou em cativeiro. Segundo o livro, ela ficava trancada em uma espécie de jaula de concreto sem qualquer abertura, chegou a levar “mais de 200 socos em uma semana”, era obrigada a raspar a cabeça – o sequestrador achava que seus fios de cabelo poderiam levar a polícia até o esconderijo – e a fazer trabalhos domésticos quase nua. Desesperada, tentou se suicidar várias vezes.
A jovem conta que Priklopil, um engenheiro que havia trabalhado na Siemens, queria uma escrava e a fazia chamá-lo de “Mestre” ou “Meu Senhor”, e ajoelhar-se em frente a ele. O sequestrador disse à Natascha, então uma criança, que seus pais tinham se recusado a pagar o resgate, por isso ela não seria libertada. Só vários anos depois ela descobriria ouvindo rádio que ainda era considerada desaparecida.
A narrativa começa do dia em que a jovem foi sequestrada e Natascha conta que há pouco tempo havia convencido a mãe a deixá-la ir sozinha para a escola. Queria mostrar que já era grande o suficiente e sabia se cuidar. Naquele dia, antes de sair, tinha tido uma discussão por causa do pai e saiu sem se despedir. Diz no livro: “Na porta da frente do meu apartamento, hesitei, pensando em algo que ela [a mãe] havia me dito dezenas de vezes antes: ‘Você não deve nunca sair com raiva. Você nunca sabe se vamos nos ver novamente!’”
A poucos metros de casa, viu o homem de olhos azuis que a pegou e colocou dentro de uma van. Não se lembra de ter gritado, mas talvez tenha resistido, porque no dia seguinte estava com o olho roxo. Tudo muito rápido.
Ela se lembra de outros detalhes e de como, um ano e meio depois do sequestro, ele disse a ela: “‘ Você não é mais Natascha. Você pertence a mim agora.’” E a jovem teve que escolher um outro nome, Bibiane, que seria sua identidade nos próximos sete anos.
Quando Natascha entrou na puberdade, o comportamento de Priklopil mudou. O criminoso passou a tratá-la como algo sujo e nojento e passou a assediá-la sexualmente. No capítulo publicado pelo Daily Mail não há menção de estupro. A jovem afirma que quando o sequestrador dormia ao lado dela, queria ter alguém em quem fazer carinho, só.
No dia a dia, Natascha tinha que limpar exaustivamente a casa de Priklopil. Tudo podia estar brilhando, mas se ele não estivesse satisfeito, ela levaria uma surra – e os acessos de raiva dele foram ficando cada vez mais frequentes. Sem comer direito, fraca, com medo, e nunca completamente vestida, Natascha não tentaria fugir, na visão de Priklopil.
Por muitos anos, ela não tentou. Mas, um dia, reuniu forças e conseguiu escapar. Agora, juntou coragem para contar a própria história e exorcizar uma parte terrível de seu passado.

Um comentário:

  1. Li o livro e estou impressionada com a história da menina que teve parte de sua vida roubada. Espero que ela pense nessa etapa da vida dela apenas como um simples filme de terror que um dia assistiu. Joselene Santos

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