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segunda-feira, 16 de maio de 2011

TRÊS CONSELHOS


Um casal de jovens recém-casados, era muito pobre e vivia de favores num sítio do interior.
 Um dia o marido fez a seguinte proposta para a esposa:
 "Querida eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um emprego e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável. Não sei quanto tempo vou ficar longe, só peço uma coisa, que você me espere e enquanto eu estiver fora, seja FIEL a mim, pois eu serei fiel a você. " 
Assim sendo, o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo em sua fazenda.
O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi aceito. Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi aceito.
     O pacto foi o seguinte:
 
  "Me deixe trabalhar pelo tempo que eu quiser e quando eu achar que devo ir, o senhor me dispensa das minhas obrigações.
     EU NÃO QUERO RECEBER O MEU SALÁRIO. Peço que o senhor o coloque na poupança até o dia em que eu for embora.
     No dia em que eu sair o senhor me dá o dinheiro e eu sigo o meu caminho".
Tudo combinado.    
     Aquele jovem trabalhou DURANTE VINTE ANOS, sem férias e sem descanso.
     Depois de vinte anos chegou para o patrão e disse:
     "Patrão, eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para a minha casa."
O patrão então lhe respondeu:
          "Tudo bem, afinal, fizemos um pacto e vou cumpri-lo, só que antes quero lhe fazer uma proposta, tudo bem?
          Eu lhe dou o seu dinheiro e você vai embora, ou LHE DOU TRÊS CONSELHOS e não lhe dou o dinheiro e você vai embora.
          Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe dou os conselhos; se eu lhe der os conselhos, eu não lhe dou o dinheiro.
          Vá para o seu quarto, pense e depois me
     dê a resposta. 

 
Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e disse-lhe: "QUERO OS TRÊS CONSELHOS."
     O patrão novamente frisou: "Se lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro."
     E o empregado respondeu: "Quero os conselhos.

O patrão então lhe falou:
     1. NUNCA TOME ATALHOS EM SUA VIDA. Caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida.
     2. NUNCA SEJA CURIOSO PARA AQUILO QUE É MAL, pois a curiosidade para o mal pode ser mortal.
     3. NUNCA TOME DECISÕES EM MOMENTOS DE ÓDIO OU DE DOR, pois você pode se arrepender e ser tarde demais.
  Após dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já não era tão jovem assim:
     "AQUI VOCÊ TEM TRÊS PÃES, estes dois são para você comer durante a viagem e este terceiro é para comer com sua esposa quando chegar a sua casa.“
     O homem então, seguiu seu caminho de volta, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava.

Após primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho que o cumprimentou e lhe perguntou:"Pra onde você vai?“
     Ele respondeu: "Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte dias de caminhada por essa estrada." 
     O andarilho disse-lhe então:"Rapaz, este caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é dez, e você chega em poucos dias...“

 O rapaz contente, começou a seguir pelo atalho, quando lembrou-se do primeiro conselho, então voltou e seguiu o caminho normal.
     Dias depois soube que o atalho levava a uma emboscada.
     Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou pensão à beira da estrada, onde pode hospedar-se. 

 
 Pagou a diária e após tomar um banho deitou-se para dormir.
     De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para ir até o local do grito.
     Quando estava abrindo a porta, lembrou-se do segundo conselho.
     Voltou, deitou-se e dormiu.
    
Ao amanhecer, após tomar café, o dono da hospedagem lhe perguntou se ele não havia escutado gritos durante a noite, e ele respondeu que sim.
     O hospedeiro perguntou-lhe se não estava curioso a respeito, e ele respondeu que não..
     O hospedeiro prosseguiu:“VOCÊ É O PRIMEIRO HÓSPEDE A SAIR DAQUI VIVO, pois meu filho tem crises de loucura, grita durante a noite... e quando o hóspede sai, mata-o e enterra-o no quintal.”
    O rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso por chegar a sua casa.
     Depois de muitos dias e noites de caminhada... Já ao entardecer, viu entre as árvores a fumaça de sua casinha, andou e logo viu entre os arbustos a silhueta de sua esposa.
     Estava anoitecendo, mas ele pode ver que ela não estava só.
     Andou mais um pouco e viu que um homem a abraçava e estava acariciando seus cabelos.

Quando viu aquela cena, seu coração se encheu de ódio e amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e a matá-los sem piedade.
    Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se do terceiro conselho.
     Então parou, refletiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo e no dia seguinte tomar uma decisão.

Ao amanhecer, já com a cabeça fria, ele pensou:
"NÃO VOU MATAR MINHA ESPOSA E NEM O SEU AMANTE.
     Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta.
     Só que antes, quero dizer a minha esposa que eu sempre FUI FIEL A ELA".
Dirigiu-se à porta da casa e bateu.
     Quando a esposa abre a porta e o reconhece, se atira em seu pescoço e o abraça afetuosamente.
     Ele tenta afastá-la, mas não consegue. Então, com lágrimas nos olhos lhe diz: "Eu fui fiel a você e você me traiu..."
     Ela espantada lhe responde: "Como? Eu nunca lhe trai, esperei durante esses vintes anos!"
     Ele então lhe perguntou: "E aquele homem que
você estava acariciando ontem ao entardecer?"
   "AQUELE HOMEM É NOSSO FILHO. Quando você foi embora, descobri que estava grávida. Hoje ele está com vinte anos de idade.
     Então o marido entrou, conheceu, abraçou o filho e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o café.
     Sentaram-se para tomar café e comer juntos o último pão.
    
 APÓS A ORAÇÃO DE AGRADECIMENTO, COM LÁGRIMAS DE EMOÇÃO, ele parte o pão e, ao abri-lo, encontra todo o seu dinheiro, o pagamento por seus vinte anos de dedicação!  

Muitas vezes achamos que o atalho "queima etapas" e nos faz chegar mais rápido, o que nem sempre é verdade...
     Muitas vezes somos curiosos, queremos saber de coisas que nem ao menos nos dizem respeito e que nada de bom nos acrescentará...
     Outras vezes, agimos por impulso, na hora da raiva, e fatalmente nos arrependemos depois....

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